A
questão que me atormenta em todo final de ano é sobre o que é mais difícil:
começar alguma coisa ou terminar?
A pergunta a martelar é sempre essa, talvez por ser, pra
mim, tão difícil dar o ponto de partida tornando a chegada quase um sonho
impossível.
Foi em 2011 que tive uma grande pequena vitória, ou foi em
2011 que dei um passo, mesmo que vacilante, em direção a uma finalidade
específica que é minha vida acadêmica. Tão insegura e tão cheia de medos, eu simplesmente
não conseguia deixar minha zona de conforto, ainda que desconfortável, pra
arriscar algo novo. Arrisquei de mansinho, venci a primeira das dez etapas
também de mansinho enquanto meu coração sempre prometia sair pela boca. Como dizem, será minha caminhada um passo de
cada vez? Como são todas...
Talvez meu medo de começos se dê pelo inesperado que é
terminar. Planejar é bom, gostoso, e quase nunca dá certo porque a vida tem sem
próprio curso e seu jeito chamado imprevisto de fazer as coisas. Aparece uma
curva, aparece um desvio, aparece um buraco e também aparece uma ponte quebrada
e então me vejo sem saber o que fazer, e me vejo querendo desistir e voltar de
novo para o aconchego do meu não fazer nada. Mas o imprevisto também traz atalhos,
traz flores pelo caminho e, às vezes, se for um dia de sorte, alguém com uma
informação.
Então chega a parte difícil dos términos. Eu quase sempre me
apego às pessoas que me acrescentam algo como seria normal de se supor. Eu
quase sempre crio por elas uma empatia tão forte que me esqueço de que risonha
como é, a vida pode ter me mandado uma moeda de dupla face. Algumas pessoas simplesmente
têm prazo de validade no nosso caminho e ficar sustentando algo vencido nunca
fez bem pra ninguém.
Sou teimosa, guardo tudo que estiver velho com uma
perseverança poucas vezes vista. Talvez
tudo não passe de um enorme sentimento de posse, mas não importa, o produto é o
mesmo: sofrimento. Dói quando algo que a gente dá valor não consegue nos
acrescentar mais nada além de farpas, nada além de espinhos, desconfiança e
tristeza.
É quando começo a pensar em outra coisa. Quando criança era
hábito me machucar, porque felicidade também é joelhos ralados, e eram de
súplicas os pedidos que fazia à minha mãe, ou alguém que se importava que
sempre vinha com remédios: “isso arde,
por favor não!”
E a resposta era um abanar de cabeça, um sorriso contrariado
por causar dor e as palavras, sempre as mesmas palavras: “se não arder, não
sara.”
Então em dias em que me sinto quebrada, machucada, nos dias
de coração ralado eu penso baixinho comigo mesma que se está doendo é porque
está sarando. E vai melhorar. Porque felicidade, e é com felicidade que desejo
terminar, também é um coração bem cicatrizado.
